quarta-feira, 25 de abril de 2007

Ebal deve R$ 914 mil e ameaça deixar 155 alunos fora do ensino superior

Jornal A Tarde, Salvador
25 de abril de 2007
pg 9

Luciana Amorim
lamorim@grupoatarde.com.br

A dívida acumulada de R$ 914 mil que a Empresa Baiana de Alimentação (Ebal) tem com o programa estadual Faz Universitário pode deixar 155 alunos das faculdades Unibahia sem efetuar matrícula no segundo semestre deste ano. O Faz Universitário concede bolsas de estudo em universidades para estudantes oriundos de instituições de ensino público.

Segundo a gerência administrativa da Unibahia, o último repasse feito pela empresa foi em março de 2005, no valor de R$ 60 mil. A TARDE apurou que outras instituições, como a Unifacs e as Faculdades Jorge Amado, estão com o repasse da Ebal em dia.

O aluno Ivan Ferreira, 23 anos, que cursa o terceiro semestre do curso de comunicação social, está preocupado com a possibilidade de não estudar. “Lutei muito para chegar aqui”, disse ele, que vemde uma família de baixa renda da cidade de Alagoinhas. Os pais, aposentados, recebem cerca de R$ 640 por mês, quase o mesmo valor da mensalidade do curso dele, que é de R$ 630.

Os alunos pretendem fazer uma mobilização. À frente do movimento, a estudante Jussara Santos, 32, que cursa o quinto semestre de comunicação social, também é contemplada pelo programa, sendo patrocinada pela Coelba.“Mesmo não tendo o patrocínio da Ebal, esta situação me preocupa, porque tenho colegas que podem vir a ser prejudicados”.Jussara se reunirá com outros alunos para decidir de que forma será feita a mobilização.“Vamos às ruas, se for preciso, lutar por este direito”, adiantou.

O programa, criado em 2001 e tido como pioneiro no País, é uma parceria entre o governo estadual, empresas e instituições de ensino.O custo da bolsa integral é dividido entre os parceiros. As universidades ou faculdades particulares entram com um desconto de 25% no valor da mensalidade. Do restante, 20% são arcados pelas empresas conveniadas, e 80% custeados pelo Estado, via renúncia fiscal para os patrocinadores.

Atualmente, 36 empresas e 14 instituições de ensino baianas participam do programa, de acordo com informações que estão no site do governo estadual.

terça-feira, 24 de abril de 2007

A indicação de Leôncio não é segredo

Site Bahia Notícias
24 de abril de 2007

Nos bastidores da Assembléia, deputados governistas não entendem o porquê de o ex-diretor de engenharia da Ebal, Leôncio Cardoso Neto, em recente reportagem de “A Tarde”, não revelar qual grupo político o indicou para o cargo na empresa. Neto - que é citado pela CPI da Ebal como um dos quatro ex-dirigentes suspeitos de serem beneficiários por supostas irregularidades administrativas ocorridas na empresa no governo passado - nem precisa ter tanta reserva assim, pois todos no Legislativo estadual sabem que sua indicação partiu do deputado federal Zé Rocha (ex-PFL e hoje acolhido no PR). Leôncio ficou na Ebal entre 1999 e 2006.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Retrospeciva – abril de 2007

As notícias sobre a crise na Empresa Baiana da Alimentos (Ebal) veiculadas na primeira quinzena de abril foram marcadas pelos primeiros atos da CPI da Ebal, instalada pela Assembléia Legislativa da Bahia em 20 de março, e pela reabertura, no dia 2 de abril, de 184 lojas da Cesta do Povo, após quase dois meses de suspensão de suas atividades pelo novo governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).

A dívida herdada do governo do PFL pelo governo petista, de R$ 300 milhões (sendo R$ 80 milhões só com fornecedores), segundo afirmou Jaques Wagner em seu discurso na reinauguração da Cesta do Povo, reproduzido no Diário Oficial do Estado da Bahia (DOE) do dia seguinte, a Ebal estava falida. De acordo com o governador, para viabilizar o resgate da rede, foi preciso um processo de renegociação de dívidas, reestruturação das instalações e elaboração de uma nova política de ação, sendo que a abertura de apenas uma parte da estrutura seria um teste para saber como será o fluxo da empresa.

Em entrevista ao jornal A Tarde de 8 de abril, ao fazer um balanço dos primeiros 100 dias de governo, Wagner considerou a reabertura da Cesta do Povo como uma das maiores vitórias de seu governo até então. Embora utilize a crise enfrentada pela empresa para atacar o governo anterior, afirmando que agora a Cesta do Povo é uma “Cesta do Povo sem roubo”, o governador disse que o programa está com uma nova cara, não sendo mais uma “bandeira política”.

Poucas investigações

Sobre as investigações da CPI da Ebal, o jornal A Tarde publicou, em 12 de abril, matéria do repórter Flávio Oliveira, na qual afirma que, depois de quatro sessões, a CPI pareceria “andar em círculos”, não tendo conseguido avançar em nenhum dos pontos das investigações, nem levantar novas informações sobre denúncias de corrupção e má gestão do programa Cesta do Povo. Após sua instalação, a CPI decidiu colher mais informações junto aos presidentes do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e da Ebal, respectivamente Antonio Honorato e Reub Celestino.

Convidado para depor na sessão de 11 de abril da CPI, Celestino, do qual a comissão esperava obter informações sobre como a Ebal foi encontrada pelo atual governo, não pôde comparecer, por motivos de viagem de última hora, conforme publicou notícia do DOE de 12 de abril, sendo seu depoimento marcado para o dia 18.

Depoimento pode ser suspenso

Jornal A Tarde, Política
23 de abril de 2007
pg 12

Ainda não há garantia de que o ex-presidente da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), que gerencia as lojas Cesta do Povo, Omar Brito, irá ocorrer. Brito foi convidado a depor pela CPI aberta na Assembléia Legislativa para apurar denúncias de irregularidades administrativas na empresa pública. Na sexta-feira, Brito encaminhou à CPI pedido de adiamento de seu depoimento devido à viagem de seu advogado. O pedido será analisado hoje pelos membros da comissão.

sábado, 21 de abril de 2007

Depoimento

Jornal Tribuna da Bahia, Raio Laser
21 de abril de 2007

O ex-presidente da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), Antonio de Britto, já foi convidado pela CPI da Ebal a depor na próxima quarta-feira, às 10 horas. O convite foi entregue a Britto, de acordo com o presidente CPI, deputado Arthur Maia, e c umpre decisão tomada na última reunião da comissão.

OAF: contrato sob suspeição

Jornal A Tarde, Política
21 de abril de 2007
pg 12

Repórter: Flávio Oliveira
foliveira@grupoatarde.com.br

O presidente da CPI da Ebal na Assembléia Legislativa, Arthur Maia (PMDB), disse ontem que estranhou as declarações do diretorexecutivo da Organização do Auxílio Fraterno (OAF), Marcos Paiva, sobre o contrato da entidade com a Ebal. Paiva admitiu em entrevista a A TARDE que a OAF foi contratada pela Ebal para fazer manutenção predial nas lojas da Cesta do Povo, mas que não executava os serviços, repassando-os a empreiteiras cadastradas na sua rede e fornecedores sem fazer licitação pública, retendo 5% pela intermediação do serviço. O contrato entre a Ebal e a OAF foi de R$ 13 milhões no ano passado.

O presidente da CPI – lembrando que a OAF é uma ONG que cuida de crianças e jovens carentes – afirmou que a antiga direção da Ebal encontrou “uma forma atípica para auxiliar uma entidade social”.Afirmou que “todos os contratos fruto dessa parceria serão investigados pela CPI”.O valor do contrato entre Ebal e OAF chamou a atenção dos membros da CPI na última sessão do colegiado, quando o presidente da empresa, Reub Celestino, disse que não entendia por que o valor desse contrato chegou a R$ 13 milhões por ano. Nos bastidores da CPI, suspeita-se que nem toda obra contratada teria sido realizada, além de que poderia haver privilégio para determinadas empreiteiras, que não precisavam passar por licitação para prestar serviços à empresa pública.

O diretor-executivo da ONG, em entrevista a A TARDE na última quinta-feira, reconheceu os valores. Mas disse que os recursos eram para pagar material e mãodeobra utilizados nas reformas e também para a mão-de-obra usada no programa Nossa Sopa. Ao todo, em dezembro de 2006, a OAF empregava no contrato com a Ebal 220 pessoas, com salários que variavam entre R$ 350 e R$ 700. Segundo o diretor, a OAF também recolhia impostos e encargos relativos a direitos trabalhistas.Paiva disse também que a OAF não participou de nenhuma seleção pública antes de assinar contrato com a Ebal. E que foi a empresa quem procurou a OAF oferecendo a parceira. Antes da OAF, a manutenção predial das lojas da Cesta do Povo e das Ceasas era de responsabilidade do Liceu de Artes e Ofícios.

Paiva apresentou a A TARDE uma lista com 22 empresas para quem a OAF teria terceirizado os serviços de manutenção predial.Ficou de apresentar notas fiscais dos pagamentos pelos serviços e a lista de obras executadas, mas o levantamento dos documentos – pedidos na quinta-feira – não foi concluído até o fechamento desta edição. O diretor-executivo defendeu a legalidade do contrato e disse que a Ebal fazia o controle das obras e que a OAF é regularmente auditada pelo Ministério da Justiça, uma vez que recebe recursos federais para tocar seus projetos sociais. Na mesma entrevista, Paiva lembrou que a OAF vende produtos e serviços para angariar recursos para sustentar os programas sociais que executa, que no ano passado consumiram cerca de R$ 8 milhões.

DEFESA – O contrato entre Ebal e OAF também foi defendido pelo ex-diretor de engenharia da empresa Leôncio Cardoso Neto. “Do total de R$ 13 milhões, mais ou menos R$ 300 mil eram para pagar mão-de-obra. Isso tem de sermultiplicado por 12 meses. Os cerca de R$ 9 mil restantes eram divididos para as obras nas 425 lojas da Cesta do Povo, nos mercados e na sede da Ebal em Salvador.Divididos por 12 meses, vemos que não é um investimento alto”, afirmou. “Além disso, o setor de engenharia tem uma equipe de fiscalização que acompanhava a execução das obras. Se existe algum questionamento jurídico, cabe à assessoria jurídica, que redigiu o contrato, responder”.

Leôncio Cardoso Neto é um dos quatro citados por parlamentares petistas como suspeitos de ser beneficiários de supostas irregularidades administrativas ocorridas na Ebal no governo passado.Neto aproveitou a entrevista para responder aos ataques saídos do plenário da CPI. Afirmou que ficou surpreso com as acusações contra ele, feitas com base em dossiê anônimo. Argumentou que não retornou aos recados deixados pela reportagem desde a quarta-feira devido a problemas de saúde enfrentados por familiares.Ontem, Leôncio Neto confirmou que partiu da Ebal o convite para entregar à OAF o contrato de manutenção predial. “Antes, era o Liceu (de Artes e Ofício) que cobrava uma taxa de administração de 20%. A OAF cobrava 5%”, justificou.“A diretoria mandou procurar a OAF e eu cumpri com a determinação”, falou.

O ex-diretor de engenharia disse que as obras eram solicitadas e autorizadas pela presidência da empresa. Afirmou que assumiu o cargo na Ebal por indicação política, mas não quis revelar qual grupo o indicou. Mas salientou que era um grupo diferente do que indicou Omar Brito à presidência da Ebal. Ele também não identificou esse grupo. Leôncio permaneceu na Ebal entre 1999 e o ano passado.

Ex-diretor da Ebal nega ato irregular

Josemário Galvão Souza, ex-diretor de operações da Ebal, que também foi citado na CPI como suspeito de se beneficiar de supostas improbidades administrativas cometidas na empresa durante governos do PFL negou ontem qualquer ato de improbidade. Garantiu que continua com o patrimônio que possuía antes de pertencer à diretoria da empresa: um apartamento no edifício Mansão Villa Lobos, no Alto do Itaigara, em Salvador e uma fazenda no município de Itatim, de onde teria se deslocado para Serrinha com objetivo de telefonar ontem a A TARDE.

Funcionário de carreira da Ebal, onde trabalhou por 34 anos, Josemário também negou que tenha recebido R$ 400 mil de FGTS como afirmou o presidente da empresa, Reub Celestino, em depoimento à CPI na Assembléia Legislativa. “Queria ter recebido a metade do que eles disseram”, disse. O ex-diretor afirmou que, independente do valor, ele, como qualquer outro trabalhador, tem direito a FGTS.


Quando provocado para falar de outros assuntos, Josemário Galvão disse que não daria entrevista por não conhecer detalhes das acusações feitas contra ele. A direção da Ebal, questionada sobre as declarações de Josemário Galvão, refez os cálculos e confirmou que a empresa pagou ao ex-diretor R$ 91 mil de multa de 40% pela demissão injustificada do funcionário. O FGTS tinha valor de R$ 177 mil.

Na feitura do balanço, segundo diretores da empresa, pensouque R$ 177 mil era o valor da multa de 40%, o que levava à informação equivocada de que o FGTS teria chegado ao valor aproximado de R$ 400 mil.

Retrospectiva – março de 2007

Reabertura da Cesta do Povo e CPI dividem as atenções

O clima de expectativa norteou as matérias publicadas pelos jornais A Tarde e Tribuna da Bahia na segunda quinzena do mês de março. Porém, motivos diferentes levaram a Ebal às paginas dos dois jornais. Enquanto o A tarde publicara no dia 20 a matéria "Cesta reabrirá em abril", o Tribuna da Bahia saiu com a manchete "CPI começa a apurar hoje o rombo da Ebal". A abertura da CPI foi fato noticioso também para o Folha Online do dia 21 de março.

A primeira matéria abordou o retorno da empresa de alimentos ao varejo no início de abril, com a reabertura de 185 lojas da Cesta do Povo em 120 municípios baianos. A matéria esclarece que as lojas foram fechadas para reestruturação da rede e que a reabertura será realizada em etapas. No desenrolar da notícia são apresentados dados relevantes, a exemplo da demissão de 600 funcionários e do custo para revitalização da rede, em torno de R$ 30 milhões, considerado pelo jornal como "pequeno, quando comparado ao passivo da empresa, que acumula algo em torno de R$ 300 milhões".

Já a segunda reportagem, do Tribuna da Bahia, informara que seria instalada na manhã daquele dia a Comissão Parlamentar de Inquérito criada para apurar o rombo superior a R$ 300 milhões na Ebal. Na matéria, o deputado pefelista Gildasio Penedo revelou que a oposição estava tranqüila quanto à CPI e destacou que as dificuldades financeiras da Ebal são oriundas do fato de ser "uma empresa que não visa lucro, mas tem na preocupação social a principal característica de seu desempenho".

O andamento da CPI da Ebal só teve espaço no A Tarde no dia 28 de março, quando foi noticiado que um filho do deputado estadual Ângelo Coronel, membro da CPI, era fornecedor da empresa baiana de alimentos e que apesar de interpelado pelo deputado José Neto (PT), relator da comissão, quanto à coerência da permanência na CPI, Ângelo Coronel não deixou o cargo.

No último dia do mês, a notícia voltou a ser a reabertura das lojas Cesta do Povo na segunda-feira, 02 de abril. Também rica em dados, a reportagem do A Tarde recapturou a situação financeira da empresa e informou que, diferente do noticiado anteriormente, seriam reabertas 184 lojas em 136 municípios com o objetivo de vender os produtos a preços abaixo do mercado. Outra novidade apresentada foi a inserção da Farmácia Popular ao projeto da rede.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Retrospectiva - fevereiro de 2007

O mês de fevereiro começou com a publicação, no dia 03, pelo jornal A Tarde, de uma coluna de Amílcar Baiardi sobre a crise na Ebal. Ele destacava que a área varejista não devia mais ser preocupação do Estado e sim construir formas de inserir os pequenos agricultores nesse mercado. O mês prometia render boas discussões... E rendeu.

Em 14 de fevereiro, o jornal Tribuna da Bahia publicou um balanço dos 40 primeiros dias do governo Jaques Wagner, avaliados como positivo. Na ocasião, o governador falou sobre os problemas na Ebal. “Estamos fazendo um trabalho corajoso para revitalizar e recuperar a empresa e já começamos a enxugar a sua estrutura. Para salvá-la, vamos ter que usar um tratamento empresarial”, afirmou. No dia seguinte, 15, a Tribuna da Bahia publicou nova matéria, dessa vez anunciando a suspensão das atividades em 425 lojas da Cesta do Povo, em todo o estado, durante pelo menos 60 dias.

O A Tarde, de mesma data, trouxe mais detalhes sobre o processo: as 425 lojas da rede Cesta do Povo, instaladas em 356 municípios baianos, foram fechadas. Só depois de dois meses, 186 delas, escolhidas entre as que ainda conseguiam dar algum lucro, como a do Ogunjá, as que nem davam lucro e nem prejuízo, como a de São Joaquim, e as que davam menos prejuízo, reabririam com um novo formato. Chamavam atenção os dados de que o novo governo teria recebido um legado de R$ 161 milhões de dívidas trabalhistas e R$ 82,4 milhões com fornecedores.

O Diário Oficial da Bahia, também do dia 15, trazia um discurso mais amenizador, com a manchete “Ebal será reestruturada e 186 lojas da Cesta do Povo reabrem após 60 dias”. O Correio da Bahia nada publicou.

No final do mês de fevereiro, o A Tarde traz de volta o nome da Ebal para suas manchetes anunciando que o projeto Domingueiras, apoiado pela Empresa Baiana de Alimentos, teria também suas atividades suspensas pela falta do patrocínio.

Leia também:

13 de fev: Wagner fala de desafios do governo durante o programa Balanço Geral

14 de fev: Ebal será reestruturada e 186 lojas da Cesta do Povo reabrirão após 60 dias

Ex-diretor nega irregularidades

O diretor da Organização do Auxílio Fraterno, Marcos Paiva, afirma que não há irregularidade alguma na parceria feita entre a OAF e a Ebal

Jornal A Tarde, Política
20 de abril de 2007
pg 11

Repórter: Flávio Oliveira
foliveira@grupoatarde.com.br

O ex-diretor administrativo da Ebal Geraldo Oliveira, contestou ontem as suspeitas lançadas contra ele na sessão de quarta-feira da CPI da Assembléia Legislativa que apura denúncias de improbidade administrativa na empresa, que administra as lojas Cesta do Povo.

Parlamentares petistas citaram seu nome e de outros três ex-funcionários da empresa – Josemário Galvão, Leôncio Cardoso Neto e René dos Santos Gonçalves – como possíveis beneficiários das supostas irregularidades apuradas pela Assembléia.

As denúncias feitas pelos petistas foram baseadas em dossiê anônimo enviado aos parlamentares, que esperam averiguar as acusações com o desenrolar da CPI.

Geraldo Oliveira entregou uma carta a A TARDE, na qual garante pôr à disposição da CPI seus sigilos telefônicos, bancários e fiscais, na certeza de que a abertura dos sigilos demonstrará sua “absoluta probidade”. Oliveira afirmou que, pelo que tomou de conhecimento da sessão, nenhuma acusação direta a ele foi feita pelo presidente da Ebal, Reub Celestino, a quem conhece desde a década de 1970.

“Restou, então, a dúvida quanto a ter havido interpretação distorcida, proposital ou ocasionalmente, de suas palavras, no sentido de me prejudicar ou de agradar a pessoas ou grupos que não identifico”, escreveu Oliveira em sua carta. “Conhecendo, como conheço Dr.
Reub, sei que ele não faria insinuações ou acusações baseadas em dossiê anônimo, o que seria leviandade”, continuou.

Na sessão de quarta-feira, o presidente da Ebal, respondendo a um questionamento de Yulo Oiticica (PT), disse que fez retornar Oliveira ao Desenbahia e que Josemário havia sido demitido ainda na gestão anterior, recebendo R$400 mil a título de FGTS. E que demitiu os outros dois citados pelo deputado por informações de que eles não estariam adequados ao perfil da nova gestão da Ebal.

Questionado após a sessão, Celestino confirmou ter ouvido denúncias anônimas contra os quatro citados, mesma postura adotada por Oiticica, que citou os nomes mas não apresentou elementos para a suspeita. Oliveira recusouse a dar entrevista, apenas declarou que respeita os colegas com quem trabalhou e que não quer passar por bode expiatório pela crise da Ebal.

* Outros ex-diretores da Ebal que foram citados na CPI foram procurados por ATARDE. A reportagem deixou recados não retornados na casa de Josemário Galvão – sua empregada atendeu ao telefone. O telefone de René Gonçalves, que consta emsua ficha funcional, é o da Ebal de Feira de Santana, onde atendentes informaram apenas que ele residiria em Cruz das Almas e que não sabiam seu contato atual. O telefone de Leôncio Cardoso Neto – informado em sua ficha funcional – não respondia. A TARDE teve acesso a parte das fichas funcionais por volta das 17h30. A edição foi fechada às 20 horas.


OAF diz que contratos são regulares

O diretor-executivo da Organização do Auxílio Fraterno (OAF) Marcos Paiva disse, ontem, que o contrato entre a entidade e a Ebal teve a regularidade atestada pela assessoria jurídica da empresa.

Pelo contrato, a OAF seria responsável por obras de reforma e manutenção das lojas Cesta do Povo em todo o Estado e pela intermediação de mão-de-obra para o programa Nossa Sopa. O contrato começou em 2003, no valor de R$ 100 mil por mês e, ao ser renovado anualmente, alcançou o valor de R$ 240 mil mensais (cerca de R$ 13 milhões no ano).

Paiva declarou que foi o ex-diretor de engenharia da Ebal, Leôncio Neto, quem procurou a OAF e ofereceu a parceria. De acordo com Paiva, a OAF vende produtos e serviços como forma de financiar programas de atendimento a jovens e crianças em situação de risco (que custaram, ano passado, R$ 8 milhões). A entidade, inclusive, tem contrato de manutenção predial com a Secretaria Municipal da Educação ( Smec) no valor, segundo ele, de R$ 450 mil mensais. Paiva admitiu que terceirizava os serviços de manutenção a outras empreiteiras, sem fazer licitação, ficando com 5% do recurso pago pela Ebal pela intermediação.

Até o fechamento da edição o diretor não enviou cópias de notas fiscais e relatórios de obras executadas. ( F.O.)

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Cesta do Povo volta a funcionar com mix de 210 produtos e novos serviços como a Farmácia Popular

Assista ao vídeo produzido pela AGECOM.

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Balanço financeiro da Ebal aponta prejuízo de R$ 620 mi

Diário Oficial da Bahia, Agricultura
19 de abril de 2007
pg 5

Resultado inclui passivo oculto de R$ 200 mi, dos quais R$ 178 mi se referem a dissídios coletivos não cumpridos

O prejuízo total de R$ 620 milhões acumulado entre 1997 e 2006 pela Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), que administra as lojas da Cesta do Povo, inclui um passivo oculto de R$ 200 milhões, dos quais R$ 178 milhões são referentes a dissídios coletivos não cumpridos. A Ebal não pagava os aumentos acordados com os sindicatos.

O resultado de um balanço financeiro completo, realizado pela nova administração, foi apresentado ontem pelo presidente da Ebal, Reub Celestino, em sua explanação à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada pela Assembléia Legislativa para apurar a causa da crise financeira da empresa.

Leia matéria na íntegra no Diário Oficial da Bahia.

Veja fotos. Clique aqui!

Quatro acusados na CPI da EBAL

Jornal A Tarde, Política
19 de abril de 2007
pg 16

Foto: Apesar de evitar acusações concretas, o depoimento de Reub Celestino evidenciou a grave crise da Ebal.

Repórter: Flávio Oliveira
foliveira@grupoatarde.com.br

Os primeiros nomes de responsáveis por supostas irregularidades na Empresa Baiana de Alimentos (Ebal, que administra as lojas da Cesta do Povo) foram tornados públicos ontem durante depoimento do presidente da empresa, Reub Celestino, à CPI criada pela Assembléia Legislativa para apurar denúncias de corrupção na empresa durante os governos do PFL (1991-2006). Celestino tentou se esquivar, mas acabou jogando os holofotes sobre quatro ex-funcionários da empresa: Geraldo Oliveira, ex-diretor administrativo, José Mário Galvão, ex-diretor de operações; Leôncio Cardoso Neto, ex-gerente de Engenharia e manutenção, e um homem de prenome René, que trabalhava no Centro de Distribuição da Ebal em Feira de Santana. Celestino também levantou suspeitas sobre contratos para fretes (transporte de mercadorias) e para os contratos de manutenção firmados com a Organização do Auxílio Fraterno (OAF), ONG que foi dirigida pelo padre Clodoveo Piaza, ex-secretário estadual de Combate à Pobreza.

A TARDE não localizou os ex-diretores da Ebal até o fechamento da edição. A OAF agendou para hoje entrevista com objetivo de se pronunciar. O novo governo afirma que encontrou a Ebal praticamente falida, com estoques zerados, dívidas que somam R$ 300 milhões e prejuízo acumulado de R$ 620 milhões. Os nomes surgiram a partir de um questionamento do deputado Yulo Oiticica (PT), que perguntou se os quatro eram funcionários da Ebal e que cargos ocupavam.Celestino disse que devolveu Geraldo Oliveira para o Desenbahia – órgão ao qual era oficialmente vinculado –, que José Mário Galvão foi demitido em dezembro, ainda na gestão passada, e recebeu R$ 400 mil de FGTS antes do início do novo governo, quando a equipe de transição já anunciava que a empresa estava atolada em cerca de R$ 300 milhões em dívidas. Celestino disse ainda que demitiu Leôncio Neto e René pelas “informações de que ambos não se enquadrariam no novo perfil de administração da empresa”.

DOSSIÊ – Os quatro nomes citados são ligados ao ex-presidente da empresa Omar Brito, que será convocado para depor na quarta-feira. Os quatro são acusados de enriquecimento ilícito em um dossiê anônimo. O texto foi entregue ao PT e à direção da Ebal no início deste ano. Celestino confirmou que as denúncias contra os ex-funcionários são anônimas, mas não relatou casos concretos. Mesma postura foi adotada por Yulo Oiticica. E Celestino seguiu na mesma linha – de levantar suspeitas mas sem se aprofundar em acusações – quando se referiu à OAF e aos contratos de frete. Disse que a OAF tinha um contrato de R$ 100 mil por mês em 2003 e que este contrato foi aditivado para R$ 240 mil nos anos seguintes.“Não entendo por que a OAF recebeu R$ 13 milhões por ano”, disse.

Segundo Celestino, a OAF tinha dois contratos com a Ebal. O primeiro primeiro era de manutenção e pequenas reformas nos prédios das lojas Cesta do Povo. O segundo era para a intermediação de mão-de-obra para o programa Nossa Sopa. O presidente da Ebal voltou a falar em uso de técnicas de contabilidade para esconder despesas e prejuízos da empresa. Um dos artifícios envolveria a OAF, já que os recursos gastos nas obras foram parar na rubrica de “imobilização de patrimônio” (investimentos), mesmo com as obras sendo executadas em prédios alugados e não-pertencentes à empresa. Antes da OAF ser contratada, contrato semelhante foi firmado entre a Ebal e o Liceu de Artes e Ofícios.

Sobre os pagamentos de fretes – citado pelo governador Jaques Wagner (PT) como exemplo de irregularidades no discurso de reabertura da Cesta do Povo – , disse que há coisas das quais não poderia falar. Repetiu a afirmativa quando questionado por Júnior Magalhães (DEM), mas recuou quando cobrado por Luiz de Deus: “Não tinha intenção de levantar suspeitas contra quem quer que seja”. Quanto aos gastos com publicidade e patrocínio de projetos culturais da Ebal, apontou três erros . O primeiro seria o volume de recursos aplicados nessas rubricas por uma empresa que estaria em vias de falência. O segundo é que anúncios e patrocínios não eram feitos diretamente pela Ebal e sim por agência de propaganda. O terceiro era o fato de a agência receber percentuais pela intermediação. Em 2006 a Ebal gastou R$ 17,8 milhões com publicidade e patrocínios de blocos de Carnaval).

Parlamentar e presidente da empresa esquentam o debate na Assembléia

O depoimento do presidente da Ebal, Reub Celestino, não poupou políticos ligados ao antigo governo do Estado. No diagnóstico que fez para encontrar as causas dos prejuízos e dívidas da Ebal, Celestino apontou como problemas o excesso de pessoal e ingerências políticas na administração da empresa.

Afirmou também que, no passado, havia proteção a fornecedores indicados por políticos, que cobrariam da Ebal preços maiores que os cobrados para outras empresas de varejo. O deputado Ângelo Coronel (PR) visivelmente ficou desconfortável e demonstrou o desconforto quando fez uso da palavra, falando em um volume de voz acima do usado pelos colegas.

Coronel perguntou sobre a fase de transição entre governos e se os gastos com publicidade não seriam necessários pela competição entre lojas varejistas que atuam na Bahia. Também aproveitou o tempo para fazer sugestões para melhorar a gestão da empresa. O deputado republicano interrompeu as resposta de Celestino em diversos momentos, criando um debate.
Celestino não recuou. Ao contrário, avançou ainda mais nas suas críticas e focou Coronel nelas, afirmando que um dos grupos de fornecedores privilegiados na gestão passada foi o de produtores de café e citou um modelo de contrato da Ebal com esses fornecedores que privilegiava a compra de café de produtores regionais, o que encarecia o preço do produto vendido ao consumidor. O deputado já havia admitido em sessão anterior da CPI ter um filho que é sócio de uma empresa fornecedora da Ebal.

Esse parentesco, inclusive, levou o relator da comissão, José Neto (PT), a questionar seu impedimento de participação nos trabalhos da CPI. A questão foi levada à Procuradoria Jurídica da Assembléia, que até não respondeu ao requerimento. O presidente da Ebal falou que a Ebal não vai mais comprar café regionalizado, para privilegiar peço ao consumidor e margem de lucro da empresa. Coronel rebateu, fora dos microfones, que desse modo Celestino estaria comprando briga com os produtores de café.

Curiosidades de um depoimento

Revelações feitas por dirigente da Empresa Brasileira de Alimentos (Ebal), na Assembléia Legislativa, reforçam a tese dos que afirmam que há coisas que só acontecem na Bahia O presidente da Ebal, Reub Celestino, revelou ontem, duas curiosidades durante seu depoimento na Assembléia Legislativa.

A primeira foi a de que a lata da embalagem da Nossa Sopa é fornecida à Ebal pela Livraria Cultura (localizada na Pituba, em Salvador). Celestino foi irônico quando perguntado por que isso acontecia: “Só poderei explicar quando encontrar uma metalurgia que produza livros”.
A segunda curiosidade refere-se a uma suposta falta de comunicação entre as diversas instâncias do governo anterior.

Reub Celestino contou que a Ebal tem créditos a receber de R$ 4 milhões referentes a compras não pagas, pelo Credicesta, feitas por funcionários contratados pelo Regime de Direito Administrativo (Reda). É que esses funcionários tinham o direito ao financiamento de suas compras como servidores efetivos, mas quando eram demitidos permaneciam com o cartão e as secretarias estaduais da Administração e da Fazenda não comunicavam a demissão à Ebal.

Cesta do Povo

Jornal Correio da Bahia, Poder, Informe da Bahia
19 de abril de 2007
pg 02

Causou mal-estar o depoimento do presidente da Ebal, Reub Celestino, na Assembléia Legislativa. Além de acrescentar pouco, o dirigente falou expressões como “passivo oculto” ou passivo trabalhista em ação não transitada em julgado (em que cabe recurso). Foi difícil entender.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Retrospectiva - janeiro de 2007

Prateleiras vazias revelam a decadência da Cesta do Povo

Cinco dias após a posse do Governador Jaques Wagner (PT), foi publicada, no Diário Oficial da Bahia, uma nota sobre a dívida de R$ 620 milhões encontrada no Estado com destaque para a crise da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), que na avaliação do governador, "se fosse uma empresa privada, já estaria falida". Dois dias depois, o assunto ocupou a capa e duas páginas internas do A Tarde revelando, em contraponto com o faturamento de R$ 41 milhões mensais de anos atrás, a "falência" da empresa que acumulava débitos na ordem de R$ 300 milhões, prejuízo mensal de R$ 8 milhões, além dos estoques baixos nas lojas e centrais de distribuição.

Completa, a matéria abordou os dados parciais da auditoria da Ebal, o recadastramento dos fornecedores, a incerteza que pairava sobre eles e a reação dos consumidores diante das prateleiras vazias. A reportagem retratou também que, em meio a toda a crise, as cinco lojas do município de Feira de Santana eram exceções e estavam abastecidas e atendendo o público normalmente. Apesar da situação de crise, a matéria informou que a Cesta do Povo iria continuar aberta, ao menos até o governo decidir o que fazer com o programa.

No dia 09 de janeiro, o A Tarde publicou que Reub Celestino havia assumido o comando da Ebal com a missão de "salvar a Cesta do Povo". Segundo a matéria, Reub Celestino reconheceu que a situação da rede, considerada a 5ª maior do Brasil, era extremamente delicada. Passados 11 dias, uma nota informa que a Ebal iria restringir o cadastro dos fornecedores às indústrias para eliminar atravessadores e conseguir melhores preços na tentativa de manter as lojas funcionando.

No domingo (21/01), o assunto atravessou as fronteiras do Estado ao ser divulgado pelo jornal O Globo. Em matéria sobre a situação em que os governos dos estados do nordeste foram encontrados, o jornal cita que a situação da Bahia era grave, tendo a crise da Ebal como o caso mais dramático.

Na terça-feira (23/01) foi divulgada, no A Tarde, a notícia dos primeiros fechamentos de lojas da rede por tempo indeterminado e a precariedade das lojas de Vitória da Conquista que funcionavam sem, ao menos, os produtos da cesta básica nas prateleiras. Até o momento da publicação, apenas as duas lojas do município de Eunápolis haviam sido fechadas. Na manhã seguinte, o A Tarde leva aos baianos a notícia da demissão de 1.200 funcionários da Cesta do Povo e a proposta de revitalização da rede que abrange intervenções físicas nas lojas para transformá-las em centros populares de multi-funcionalidade com a integração de serviços de farmácia e unidades bancárias. A notícia divulgou também que algumas lojas poderão ser excluídas nesse processo.

Quanto aos fornecedores, o jornal informou que segundo o secretário da Indústria e Comércio, Rafael Amoedo, o pagamento do acordo feito pela gestão anterior só seria realizado após a conclusão da auditoria da Ebal, prevista para encerrar no prazo de 30 dias.

A matéria do dia 24 encerra com a informação da queima de estoque nas lojas da Cesta do Povo do Ogunjá e Rio Vermelho ocorrida no dia anterior. De acordo com a informação era uma estratégia da Ebal para vender os produtos das outras lojas concentrando-os nas unidades de maior fluxo de compradores o que evidenciou ainda mais a decadência da rede. No que se refere às demais lojas, a posição da presidência da Ebal foi de manter as portas abertas mesmo sem produtos e com poucos funcionários para que "a população visse como a Ebal foi entregue".

Dívidas da Ebal

Site Bahia Notícias
18 de abril de 2007

A Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), administradora das lojas Cesta do Povo, acumulou um prejuízo no total de R$ 620 milhões entre 1999 e 2006. Deste total, R$ 305 milhões se refere apenas aos prejuízos verificados no ano passado. Ao longo de sete anos, o Tesouro do Estado aportou na empresa, R$ 359 milhões, R$ 77 milhões só em 2006. De acordo com o presidente da empresa, Reub Celestino, os prejuízos foram causados “certamente” por "má gestão”.

Ainda hoje, a partir das 11h, Reub Celestino prestará depoimento na CPI criada pela Assembléia Legislativa para apurar possíveis casos de corrupção na empresa administrada pelo governo anterior, ou seja, pelo antigo PFL (hoje, Democratas), por 16 anos.

Leia mais: Bahia Notícias

Prejuízo na Ebal é de R$ 620 milhões

Algumas lojas da Cesta do Povo, como a situada no Ogunjá, em Salvador, foram reinauguradas em março.


Jornal A Tarde, Política
18 de abril de 2007
pg 14

Repórter: Flávio Oliveira
foliveira@grupoatarde.com.br

A Empresa Baiana de Alimentos (Ebal) – que administra as lojas Cesta do Povo – acumulou um prejuízo total de R$ 620 milhões entre 1999 e 2006. Deste total, R$ 305 milhões diz respeito apenas aos prejuízos verificados no ano passado.Para cobrir parte desse déficit, o Tesouro do Estado aportou na empresa, ao longo destes sete anos, R$ 359 milhões, R$ 77 milhões só em 2006. O repasse de recursos aconteceu mesmo com a empresa sendo classificada como independente, ou seja, sem ter seu orçamento incluído no orçamento geral do Estado e, portanto, fora de mecanismos de controle típicos da administração pública, a exemplo da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e do Sistema de Informações Contábeis e Financeiras (Sicof ). O atual presidente da empresa, Reub Celestino, afirmou que, os prejuízos, “certamente”, foram causados por “má gestão”.

Esses números fazem parte do balanço financeiro de 2006, apresentado ontem pela nova presidência da empresa – Celestino assumiu o cargo no dia 4 de janeiro nomeado pelo governador Jaques Wagner (PT) – ao seu Conselho de Administração. O mesmo documento deve ser tornado público hoje, com o depoimento de Celestino à CPI criada pela Assembléia Legislativa para apurar possíveis casos de corrupção na empresa, administrada desde 1991 pelos governos do PFL. Celestino, procurado por A TARDE, não quis entrar em detalhes sobre supostos erros das gestões anteriores. Mas o balanço financeiro aponta que o déficit da empresa é maior entre fornecedores, INSS e dívidas trabalhistas (20% delas julgadas em última instância).

O balanço aponta também crescimento de despesas da empresa com publicidade, patrocínio a projetos culturais (incluindo Carnaval) e com folha de pessoal entre 2005 e 2006. Entre um ano e outro, os gastos com propaganda cresceram de R$ 7,8 milhões para R$ 9,8 milhões. Os de patrocínios de R$ 3,6 milhões para R$ 8 milhões.Os gastos com pagamento de salários e encargos de funcionários subiram de R$ 65 milhões para R$ 66 milhões. Celestino calculou que os gastos de pessoal equivaleriam em 2006 a cerca de 22% do faturamento da empresa. Em um empreendimento privado do mesmo ramo – suermercados – essa proporção é, no máximo, 8%.

O histórico da Ebal – reaberta pelo ex-governador e atual senador Antonio Carlos Magalhães (DEM, ex-PFL) em 1991, depois de desativada por quatro anos do governo Waldir Pires / Nilo Coelho – aponta que a empresa, em 1994, contava com 6,6 mil funcionários ativos. Naquele ano, o grupo de Magalhães venceu para todos os cargos em disputa nas eleições majoritárias. Em 31 de dezembro do ano passado, a Ebal apresentava 4.850 funcionários ativos. Segundo um dos diretores da empresa, incluído entre os responsáveis pelo fechamento do balanço, muitos dos servidores da Ebal eram cedidos por prefeituras e foram devolvidos às administrações municipais com o passar dos anos.

Os auditores independentes identificaram o incremento de repasses feitos à Organização do Auxílio Fraterno (OAF) por meio de convênio. A OAF é uma organização não-governamental de acolhimento de jovens e crianças carentes e foi dirigida pelo Padre Clodoveo Piazza, ex-secretário estadual de Combate à Pobreza. O convênio era para que a OAF realizasse reformas nos prédios e lojas da Cesta do Povo. Em 2003 o repasse foi de R$ 1,8 milhão e subiu até alcançar R$ 13,8 milhões no ano passado. Repasses por meio de convênios são de difícil acompanhamento pelo Tribunal de Contas do Estado.A nova gestão da Ebal também levantou o uso de artifícios contábeis que ao longo dos anos teriam maquiado a real situação financeira da empresa.

Um desses artifícios era o de incluir as obras de reforma no "imobilizado” (investimentos) da empresa, o que fazia aumentar o seu patrimônio. Porém, muitas das obras foram realizadas em prédios alugados pela Ebal para abrigaem as lojas da Cesta do Povo. Outro atifício usado foi não revelar o passivo trabalhista, o que só foi feito no balanço do ano passado, fechado após as eleições de outubro.O pasivo causado por processos trabalhistas apareceu no balanço de 2006 com o valor de R$ 193 milhões em recursos provisionados (guardados para possíveis despesas). O próprio prejuízo da empresa aparecia nos balanços com o nome de “custo social”.

Mesmo com esse resultado “assustador”, nas palavras de Celestino, o Conselho Administrativo da Ebal aprovou o balanço do ano passado da empresa, fazendo ressalvas às deficiências de controle de bens da empresa e das causas trabalhistas.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Retrospectiva – dezembro de 2006

Tensão na Ebal aumenta no mês de dezembro
Resumo das principais coberturas

O mês de dezembro foi marcado por incertezas em relação ao pagamento da dívida da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal) aos fornecedores. A dívida milionária deixada pelo governo pefelista levantou dúvidas, inclusive, quanto à continuidade do funcionamento das lojas da Cesta do Povo, administrada pela Ebal. Às vésperas da posse do novo governo, a crise garantiu um espaço considerável para o fato na imprensa baiana.

No dia 12 de dezembro, o jornal A Tarde publicou matéria sobre a reunião realizada no dia anterior com 104 fornecedores para renegociação da dívida de R$ 88 milhões. De acordo com a matéria, a Ebal se comprometia a pagar a primeira parcela até o dia 20, mas não garantia o pagamento das parcelas restantes pelo novo governo, já que o acordo não havia sido passado para a equipe de transição. Na ocasião, o maior receio dos fornecedores era assinar o contrato e não ter como cobrar da nova administração, caso o pagamento das parcelas não fosse realizado.

Dez dias depois, o A Tarde publicou uma entrevista com o secretário da Fazenda Carlos Martins, na qual foi relatada as dificuldades econômicas-financeiras herdadas do governo anterior, dentre elas, a dívida da Ebal que chamou de "bomba de efeito retardado".

Dia 30 de dezembro, uma nova matéria do A Tarde chama atenção para o fato da Cesta do povo, usada como exemplo de programa social bem sucedido estar prestes a fechar as portas. A matéria retrata o clima de tensão e incertezas dos fornecedores quanto ao recebimento da dívida. A herança deixada pelo governo do antigo PFL (hoje Democratas) conta ainda com uma divida trabalhista estimada em 160 milhões e o estoque abaixo do necessário para garantir a operação das lojas da Cesta do Povo.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Retrospectiva - novembro de 2006

Cesta vazia

Prateleiras vazias, queda no número de fornecedores, redução do quadro de funcionários e dívidas, muitas dívidas... Esta foi a radiografia da Cesta do Povo denunciada pelo jornal A Tarde nos meses de outubro e novembro de 2006. A situação crítica da empresa – que já vinha sendo sentida pelos seus fornecedores, com os quais mantinha uma dívida de cerca de R$ 80 milhões, e principalmente pelo povo baiano, diante da falta de produtos – foi parar nas páginas dos jornais após a surpreendente derrota que o PFL sofreu para o PT na disputa pelo Governo da Bahia em 2006.

Ao longo de seus 27 anos de existência, a Cesta do Povo, que por muito tempo foi a “menina dos olhos” do grupo ligado ao senador Antônio Carlos Magalhães, mantinha uma relação de dependência com o governo do Estado, trabalhando com o desequilíbrio financeiro e tendo seu déficit operacional coberto por recursos repassados pelo governo, o que deixou de ser feito a partir de 2001, segundo explicou ao A Tarde Omar Brito, então presidente da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), que administra a rede de abastecimento da Cesta do Povo. O fato, segundo ele, gerou o acúmulo dos R$ 80 milhões em dívidas.

Em matéria divulgada pelo jornal em 18 de novembro, o então governador Paulo Souto (PFL) não quis se pronunciar sobre o assunto, se limitando a reconhecer que a empresa trabalhava com o desequilíbrio financeiro. Vitorioso nas eleições de 2006, Jaques Wagner (PT) alegou que só se pronunciaria sobre o tema depois que sua equipe de transição estivesse concluído relatório sobre a situação do governo e da Cesta do Povo.

O Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE), no entanto, afirmou que a relação de dependência da Ebal com o governo estadual vinha sendo questionada desde 2003, mas a Secretaria da Fazenda (Sefaz) desmentiu que a empresa fosse dependente, e negou qualquer transferência de recursos financeiros pelo Estado para pagamento de pessoal ou custeio em geral, “a não ser para aumento de capital”.

Na edição de 26 de novembro do A Tarde, Paulo Souto reconheceu que a Cesta do Povo vivia uma situação delicada, com dívidas de até R$ 300 milhões, e que o problema da empresa seria estrutural. O então governador atribuiu ao abastecimento das 424 lojas da Cesta, 379 delas espalhadas pelo interior do Estado, a condição de grande causador do desequilíbrio. Para ele, a solução do problema não seria nenhum “bicho-de-sete-cabeças”. Mas acabou deixando essa “solução” como herança para o novo governo...

Saudosismo

Enquanto as lideranças políticas buscavam explicações para a situação da Ebal e da Cesta do Povo, a população baiana, principalmente a mais carente, se queixava do esvaziamento da Cesta. Repórteres das sucursais do A Tarde produziram matérias mostrando principalmente a “dívida” que a Cesta do Povo mantinha com seus consumidores, que a acusaram de não cumprir mais o seu papel social. Até das longas filas que enfrentavam nos “bons tempos” da empresa, eles afirmaram sentir saudades... A falta de mercadorias e os preços “salgados” dos poucos produtos que continuavam a ser comercializados afastaram a população das lojas, e muitas delas chegaram a fechar as portas. E, diante de tantos problemas, a “cesta do povo”, assim como a Cesta, ficou ainda mais vazia...

Cesta do Povo ganha unidade da Farmácia Popular

Jornal da Mídia, Bahia
16 de abril de 2007

Foto: Wagner, o ministro José Carlos Temporão e o prefeito João Henrique no ato de inauguração, na Cesta do Povo do Ogunjá.

As oportunidades de compra de medicamentos a preços mais acessíveis foram ampliadas em Salvador com a inauguração, hoje (16), de uma nova unidade da Farmácia Popular do Brasil, na Cesta do Povo, no Rio Vermelho. Essa é a segunda loja da rede implantada no governo Jaques Wagner, de um total de 200 que serão criadas. As 70 primeiras deverão entrar em funcionamento ainda este ano.

Serão ofertados 94 remédios, que representam 1,3 mil apresentações disponíveis no mercado, com valores que variam de R$ 0,02 a R$ 3,50. Em alguns casos, o cidadão paga apenas 10% do custo do produto.

Acompanhado do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, do prefeito João Henrique Carneiro e de diversos secretários e deputados, o governador Jaques Wagner destacou a importância das farmácias populares, especialmente agregadas à a Cesta do Povo, contribuindo para a retomada do equipamento, reinaugurado no último dia 2, depois de estar completamente falido, com uma dívida acumulada de mais de R$ 350 milhões.

“A farmácia popular é um dos itens de todo o cardápio de ações que temos que fazer, a exemplo da ampliação do sistema Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) na Bahia e do Hospital da Criança, em Feira de Santana. Queremos uma gestão mais eficiente, com menos desperdício e sem desvio de recursos. Vamos trabalhar durante esses quatro anos porque não aceito que a sexta maior economia do país continue pontuando com uma das piores em saúde pública”, declarou Wagner, que confirmou a inauguração, prevista para daqui a dois anos, da fábrica da Bahiafarma, em Vitória da Conquista, já em construção, que aumentará a oferta de medicamentos baratos para a população.

Os remédios disponibilizados nas farmácias populares são de atenção básica, que atendem cerca de 80% das doenças que atingem a população, como diabetes, hipertensão, úlcera gástrica, asma e infecções. Também estão disponíveis produtos com indicações para os quadros de cólicas, enxaqueca, queimadura e inflamações, além de anticoncepcionais e preservativo masculino. No caso dos medicamentos para diabetes e hipertensão, o cidadão só paga 10% do custo. Essa redução do valor é obtida pela participação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão do Ministério da Saúde e executora do programa, responsável pela compra dos produtos em laboratórios farmacêuticos, públicos ou privados, para disponibilizá-los nas farmácias populares.

Para a compra dos remédios disponíveis nas farmácias populares, basta a apresentação de uma receita médica ou odontológica. O horário de funcionamento das lojas é de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e sábados, das 8h às 12h. Os usuários das farmácias populares recebem atendimento personalizado, realizado por farmacêuticos e profissionais qualificados para orientar sobre os cuidados com a saúde e o uso correto dos medicamentos.

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sábado, 14 de abril de 2007

Tribunal não julga contas da Ebal desde 2003

Jornal A Tarde, Política
14 de abril de 2007
pg 16

Repórter: Flávio Oliveira
Foto: Honorato se comprometeu a ajudar a CPI da Ebal disponibilizando técnicos do TCE e documentos solicitados

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) não julga as contas da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), que administra a Cesta do Povo, desde 2003. Esse atraso foi apontado pelos deputados que compõem a CPI da Ebal na Assembléia Legislativa da Bahia como responsável pela morosidade dos trabalhos da comissão. Por conta da falta dos julgamentos, o TCE não remeteu aos deputados os relatórios de fiscalização na Ebal dos últimos anos. Os parlamentares também dizem que a postura do TCE em relação às contas da Ebal influenciou no estágio em que a empresa foi encontrada pelo novo governo: estoques vazios e dívidas em torno de R$ 300 milhões, sendo R$ 84 só com fornecedores.

O presidente do TCE, Antônio Honorato, admitiu a informação de que a corte não julga as contas da Ebal desde 2003, mas transferiu a responsabilidade para os conselheiros Pedro Lino e Manoel Castro, relatores da prestação de contas da empresa nos anos de 2003 (Lino) e 2004 e 2005 (Castro). “A presidência só tem responsabilidade quando o relatório é votado em plenário”, afirmou. Honorato disse ainda que se comprometeu em auxiliar a CPI e que cumpre com sua palavra, em primeiro lugar por ter disponibilizado dois técnicos para ajudarem as investigações parlamentares e a garantia de enviar os documentos pedidos, relatório de prestação de contas da Ebal de 2001 a 2005, assim que forem disponibilizados pelos conselheiros.

“Só recebi o ofício solicitando esses documentos na manhã de quinta-feira (anteontem)”, relatou Honorato. O pedido desses documentos ao TCE foi aprovado pela CPI em sua segunda sessão, em 28 de março. Até esta semana, de todos os documentos solicitados a outros órgãos, a CPI só havia recebido o relatório da auditoria da Ebal dos anos de 2002 e 2004 realizadas pela Auditoria Geral do Estado (AGE).

Outra “conquista” da CPI foi a confirmação de depoimento do atual presidente da empresa, Reub Celestino, na próxima quarta-feira. “Só posso tomar providências baseadas em documentos oficiais. O que posso fazer de imediato é enviar as prestações de contas de 2001 e 2002 que foram julgadas. E solicitar aos conselheiros que estão com as contas dos anos seguintes que enviem seus relatórios à CPI”, completou.

O presidente do TCE não aceitou as críticas da CPI de que a corte teria responsabilidade pela situação administrativa-financeira da Ebal. “Nas prestações de contas anuais do Poder Executivo, sempre teve um capítulo dedicado à Ebal. E essas contas foram julgadas pelo TCE e enviadas à Assembléia Legislativa, que sempre acatou o nosso parecer”, disse, referindo-se apenas às contas do governo de um modo geral, sem se considerar o julgamento setorizado das secretarias e empresas estaduais entre as quais a Ebal.

PAUTA – O conselheiro Manoel Castro afirmou que seu relatório para a prestação de contas de 2005 está pronto e que chegou a pautá-lo para apresentação em Plenário no dia 27 de março, uma semana após a instalação da CPI na Assembléia.

Porém, o retirou da pauta ao verificar que as contas de 2004 ainda não haviam sido julgadas.
“Não existe norma de que as contas devem ser julgadas por ordem cronológica. Mas é conveniente que assim seja”, disse. Manoel Castro afirmou que ao que lhe consta a conclusão do processo de prestação de contas da Ebal de 2004 depende de respostas de outros órgãos.
O conselheiro não quis entrar em detalhes sobre o seu relatório de 2005, argumentando que o plenário tem poderes de modificá-lo.

Adiantou apenas que concluiu pela aprovação das contas, com ressalvas, recomendações e com a aplicação de multas pela persistência de erros encontrados em auditorias anteriores.

Em outro momento da entrevista, Castro – que foi deputado federal e prefeito de Salvador pelo PFL – disse que as contas da Ebal sempre tiveram julgamentos polêmicos, seja por conta da publicidade da empresa, de projetos assistenciais como o Nossa Sopa, seja pelo fato de a segurança das lojas ser feita pela Polícia Militar.

O pano de fundo para estes questionamentos de alguns conselheiros seria o entendimento de que a Ebal seria uma empresa dependente e, dessa maneira, sujeita à Lei de Responsabilidade Fiscal entre outras normatizações. O Estado – embora aportasse capital à empresa anualmente –, por sua vez, entendia que a Ebal era uma empresa independente.

A mesma controvérsia acontecia no Tribunal de Contas do Estado em relação à Bahiatursa, cuja prestação de contas também foi alvo de julgamento polêmico pelo TCE e se constituiu em um dos maiores escândalos dos governos dos 16 anos de governos seguidos do antigo PFL, partido hoje rebatizado de DEM.

O conselheiro Pedro Lino também foi procurado por A TARDE, na quinta e sexta-feira, porém, não foi encontrado. Assessores de seu gabinete informaram que Lino só se pronunciaria sobre o caso depois que conhecer todos os trâmites do processo, que estava nas mãos dos técnicos e só subiu para seu gabinete neste mês, após a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito.

TCE acusado de encobrir ruína da Cesta do Povo

Repórter: Lenilde Pacheco

Cabe ao Tribunal de Contas do Estado a fiscalização contábil, financeira e patrimonial da Bahia. Na prática, a missão é acompanhar as atividades da entidades da administração direta ou indireta. Isso inclui as fundações instituídas ou mantidas pelo Estado, quanto à legalidade, legitimidade, critérios econômicos e correta aplicação de subvenções.

A fiscalização do Tribunal alcança administradores e demais responsáveis por dinheiro e bens públicos, além das pessoas físicas ou jurídicas, responsáveis pela execução de convênios ou outros meios de aplicação de subvenções e recursos repassados pelos cofres públicos.
O TCE da Bahia é presidido pelo ex-deputado Antônio Honorato de Castro Neto. Integrado pelo vice-Presidente, conselheiro Filemon Neto Matos; o corregedor Manoel Castro e demais conselheiros: Antônio França Teixeira, Pedro Henrique Lino, Ridalva Figueiredo e Ursicino Queiroz.

A composição do Tribunal se dá da seguinte forma: quando surge uma vaga, o governador escolhe um fiel aliado e o indica para a Assembléia Legislativa.

Em geral, os governos detém maioria parlamentar na Assembléia. Por isso, dificilmente a indicação de um conselheiro é contestada. Também por esse motivo, a independência dos Tribunais de Contas é questionada.

O corregedor Manoel Castro é economista, formado pela Ufba. Integrante do grupo político do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), foi secretário da Indústria e Comércio da Bahia; prefeito de Salvador e deputado federal. Foi nomeado para o TCE em 2000 (governo César Borges).

Mestre em Direito Econômico pela Ufba, Pedro Lino atuou como secretário de Governo na gestão ACM (1991-94). Foi nomeado conselheiro em 1999, (governo César Borges).
Em 2005, Pedro Lino acusou a Secretaria da Fazenda de ser responsável pelo desvio de dinheiro para conta no Bradesco, segundo ele, irregular, mantida em nome da Bahiatursa. Na época, afirmou sua gratidão a ACM, mas alegou lealdade ao povo que paga o seu salário para fiscalizar as contas públicas.

Entenda o caso

A Cesta do Povo é um dos mais emblemáticos programas herdados do ex-PFL pelo governador Jaques Wagner (PT).
-Depois de eleito, em outubro de 2006 e antes mesmo de assumir o comando da máquina estadual, o governador Jaques Wagner (PT) já questionava a relação custo-benefício da Cesta do Povo nas condições em que herdou, depois de 16 anos de administração do PFL.
-Logo que assumiu o comando administrativo do Estado, Jaques Wagner determinou que fosse feita uma espécie de radiografia da empresa. Durante 40 dias, o governo petista analisou as condições gerais de funcionamento da empresa.
-Decidiu, então, o fechamento temporário das 425 lojas da rede Cesta do Povo instaladas em 356 municípios baianos. A medida foi anunciada no dia 14 de fevereiro, às vésperas do Carnaval.
-Os novos gestores anunciaram que, num prazo inferior a 60 dias, 186 delas seriam reabertas. O governo cumpriu o cronograma com a retomada das atividades comerciais no dia 2 de abril.
-Foram escolhidas para reabertura aquelas que apresentavam melhor perspectiva comercial (como a do Ogunjá) e as que não dariam lucro, nem prejuízo (São Joaquim, por exemplo).
-O mix de produtos, que nos últimos tempos estava reduzido a menos de 30, foi ampliado para 150, priorizando os gêneros de primeira necessidade.
-O governo planeja injetar R$ 32 milhões ao longo do ano para ressuscitar a rede. A contabilidade apresentada pela atual gestão indica existir dívida de R$ 300 milhões e um patrimônio de cerca de R$ 40 milhões.
-O investimento previsto na reativação do programa permitirá que até o fim de maio 350 lojas sejam reabertas.
-O plano de ressurreição da Cesta do Povo foi apresentado pelo secretário Rafael Amoedo (Indústria, Comércio e Mineração), juntamente com o presidente da Ebal, Reub Celestino. As ações planejadas, explicaram eles, têm o objetivo de resgatar a função original da rede e vender produtos de primeira necessidade a preços mais baixos, sem onerar o Estado.
-O número de demissões será pequeno, sustentou o secretário Amoedo. O quadro de 4.200 funcionários foi reduzido, no final do governo passado, com a devolução de 900 pessoas cedidas por prefeituras. Hoje, há três mil ativos e 480 inativos.
-De acordo com as informações oficiais, a Ebal possui R$ 161 milhões de dívidas trabalhistas e R$ 82,4 milhões de dívidas com fornecedores.
-O número de fretes contratados pela Ebal é vultoso. No rol das denúncias que circulam nos meios políticos desde o ano passado, coloca-se a suspeita de que muitos deles foram forjados.
Tudo isso é alvo de auditoria.
-Além das lojas da Cesta do Povo, a Ebal tem cinco centrais de abastecimento (Salvador, Feira de Santana, Senhor do Bonfim, Vitória da Conquista e Buerarema), os mercados como Rio Vermelho e Ogunjá, a Ceasa, e quatro frigoríficos.
-Líderes políticos democratas (antigo PFL) criticam o governo petista, alegando haver uso do assunto para fazer marketing.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

CPI da Ebal não ouve o presidente Celestino

Maia renovou o convite para Reub Celestino

Diário Oficial da Bahia - Legislativo
12 de abril de 2006
pg. 03

Por causa de compromissos de última hora, o presidente da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), Reub Celestino, não pôde comparecer, conforme agendado anteriormente, à sessão de ontem da CPI da Assembléia Legislativa que investiga supostas irregularidades nas finanças da empresa. Mas o colegiado, presidido pelo deputado Arthur Maia (PMDB), decidiu renovar o convite para que Reub Celestino possa trazer à AL dados sobre o quadro encontrado na Ebal. O peemedebista fez questão de esclarecer que este será o contato inicial, que deverá ocorrer outras vezes.

O presidente Arthur Maia decidiu também sugerir a seguinte proposta de encaminhamento. "Minha idéia é que as pessoas que compareçam aqui sejam convidadas, até porque todos são inocentes até prova em contrário. No entanto, caso alguém decida não aparecer ou coloque dificuldades, aí então o convocaremos".

Na reunião de ontem, os integrantes do colegiado aprovaram também, por unanimidade, uma série de requerimentos para dar ainda mais agilidade aos trabalhos, segundo destacou o presidente.

Nesta estratégia de acelerar o andamento dos trabalhos, a CPI solicitou ao Tribunal de Contas do Estado dois auditores para ajudar na análise do material técnico, no que foi prontamente atendida pelo presidente daquela corte, Antonio Honorato. Ontem mesmo, os técnicos Gilberto Brito e Wesley Franco já estavam à disposição da Comissão.

Investigação na Ebal anda em círculos a cada sessão


Jornal A Tarde - Política
12 de abril de 2007
pg 14

Repórter: Flávio Oliveira
foliveira@grupoatarde.com.br

A CPI da Ebal da Assembléia Legislativa completou ontem quatro sessões em que apenas anda em círculos. Após aproximadamente um mês de instalada – no último dia 20 – , a comissão ainda não conseguiu avançar em nenhum dos pontos de investigações propostos e levantar novas informações sobre denúncias de corrupção e má gestão do programa Cesta do Povo, do qual o governo Jaques Wagner (PT) afirma ter herdado da gestão anterior uma dívida de cerca de R$ 300 milhões, sendo R$ 80 milhões só com fornecedores. Neste meio tempo, após suspensão temporária do programa, o Executivo renegociou com credores e reabriu 184 lojas da Cesta do Povo em Salvador e em municípios do interior.

Após a instalação, a CPI fez uma sessão para definição dos métodos de investigação e deliberou realizar encontros com o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Antonio Honorato, e com o presidente da Ebal, Reub Celestino.

Os dois encontros aconteceram e Celestino se comprometeu a depor como convidado à CPI ontem, mas viagem de última hora impossibilitou sua participação, que foi transferida para a próxima semana, no dia 18.

Do TCE, os deputados conseguiram relatórios de fiscalizações feitas na Ebal nos anos de 2002 e 2004 e que nunca foram julgados pelo plenário do órgão. O Tribunal também vai enviar técnicos para auxiliar os trabalhos da CPI. As cópias das fiscalizações foram encaminhadas esta semana e na sessão de ontem foi deliberado que a presidência fizesse fotocópias do material para que todos os deputados lessem os relatórios até a próxima sessão da CPI.

Segundo avaliação dos deputados que compõem a comissão, os trabalhos só vão avançar após o depoimento de Reub Celestino, quando vão poder ter um painel de como a Ebal foi encontrada pelo atual governo e quais as linhas de investigações que vão ser adotadas, uma vez que já foi aprovada a divisão em pelo menos quatro subcomissões.

Por enquanto, o momento mais tenso da CPI continua sendo o bateboca entre o relator José Neto (PT) e Ângelo Coronel (PR). Na segunda sessão da comissão, em 28 de março, o petista questionou a permanência de Coronel na comissão uma vez que seu filho é sócio de empresa fornecedora da Ebal. Coronel admitiu a situação mas disse não ter nada a temer com as investigações. José Neto pediu, então, um parecer à Procuradoria Jurídica da Assembléia. Na sessão de ontem o requerimento, por escrito, do petista foi votado e aprovado. A resposta da Procuradoria deve ser dada em 15 dias.